sexta-feira, 17 de maio de 2013

Torcedor, prazer.


          Não é por querer vitória. É por querer vontade. Uma paixão fulminante que domina esse querer.  Por prazer, alimento as expectativas, viajo nos meus sonhos, e entendo que tudo pode acontecer. As batidas do meu coração me ensinam a amar, os meus olhos a admirar, e a meu grito me mostra o poder. Sentado, em pé, pulando. Assim, não me noto um bobo, minha energia na mais alta tensão da alegria. De ser quem sou, e assim, viver.

          Isso não é herança de família. Meu pai não gostava de torcer, nem de ver. Vivendo e aprendendo, assim eu entendi, quando as lagrimas caíram do rosto daquele homem, um senhor com um rádio no ouvido que mal tinha o que vestir, mas se via a felicidade em seu sorrir.  Perguntar o que acontecera não ia adiantar. O que importa? É campeão. Um clima bom no ar. Não esqueço, o senhor parecia flutuar. Eu quero isso.

          Torcer é como uma bomba prestes a explodir. A euforia de um namoro adolescente. A alegria de uma criança antes de pegar em seu presente. É o lançamento de um foguete sem contagem regressiva. O momento em que você descobre em que lado você está, qual o time que se vai acomodar em seu coração, é um dia inesquecível na vida de um torcedor. Parece futilidade. Algo descartável. Mas nenhuma paixão o é. Tudo que produz alegria é essencial para esse mundo.

          Então, se existe tanto fervor, por que não se tornar um jogador? Treinar, se dedicar, se juntar aos onze guerreiros em campo para fazer parte da frente de batalha, parece muito tentador. Mas não. Algo no olhar daquele senhor, de quando eu era criança, foi quem fez eu pensar em futebol com amor. Eu entendo perfeitamente o meu papel. Nós não somos o motor, mas a gasolina. Não somos a locomotiva, e sim o vapor.  O impulso. A chama flamejante de uma faísca no inflamável. O agente inspirador. O motivo do furor. Prazer, torcedor. 

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