sexta-feira, 17 de maio de 2013

Só mais um segundo


         Que saudade de você meu amigo. Quantas aventuras passamos juntos. Fecho os olhos e lembro da sua alegria, da sua fidelidade. É incrível que nunca disseste uma só palavra, e eu sempre o entendi. Em momentos únicos de nossa história, só eu e você, desabafando os desafios da vida, consolando um ao outro. Para sempre lembrarei de seu olhar, nele se via a sua admiração por mim, o que me fazia me sentir tão especial e privilegiado por fazer parte de algo tão verdadeiro. Parece que foi ontem quando o vi pela primeira vez. Nos reconhecemos ali mesmo, em um passe de mágica, você preencheu um espaço no meu coração que estava reservado para algo de suma importância. “O preferido”, era assim que o chamavam. Mal tinha nascido e já conquistara o coração de todos da casa. E foi assim que veio até os meus braços.  Depois de pouco tempo, comecei a notar algo estranho. O meu parceiro estava emagrecendo, não queria comer, e não pulara mais de alegria. Estava doente. O que me deixou muito preocupado, pois ali, já fazia parte de mim. Foi internado, tomou soro, e mais uma “porrada” de remédios. As chances eram poucas, mas a fé me confortava. O visitava três vezes por dia, quando ia ao colégio, quando voltava, e a tarde. Já era visível o seu apego, pois quando dava as costas para ir embora, era alto os seus gemidos. Mas depois de quinze dias, ele teve alta. Que felicidade! Ele estava ao meu lado novamente com a mesma alegria e disposição de outrora.

          Éramos como unha e carne. Sempre estava a me esperar em casa, quando chegava de carro, era comum às batidas do seu rabo na lataria do automóvel. Fantástico, nem o conseguia ver ainda e já me fazia sentir muito feliz. Respeitava-me tanto que nem levava coleira quando ia passear, era só dar um comando que ali aos meus pés permanecera. Não teve adestramento nenhum, apenas amor. Ele era um cão da raça Pitbull. Esta temida por uns, odiada por outros, e amada pelos os que entendem que tudo é fruto de um plantio. Quando ele tinha quatro anos, tive que me mudar para Brasília. Ele não aguentou de tristeza, fugiu, coisa que nunca antes fizera, e morreu as margens da BR-230.

          Muitas pessoas me falam que não gostam de criar cachorros, pois se apegam demais, e acham que é sempre muito triste vê-los partir. Mas como ser covarde ao ponto de deixar de viver algo tão grandioso com medo do fim? Sinto falta do meu amigão. As vezes me pego chorando pensando nele, em como ele era especial. Será que sou só eu, ou todo mundo que já amou e perdeu um bicho de estimação, deseja nem que seja um segundo ao seu lado? Alguns não estão nem aí com animais, mas a minha tia Rosa deixou essa semente em mim antes de partir: o amor e respeito por todos eles. Obrigado.

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