Que saudade de você meu
amigo. Quantas aventuras passamos juntos. Fecho os olhos e lembro da sua
alegria, da sua fidelidade. É incrível que nunca disseste uma só palavra, e eu
sempre o entendi. Em momentos únicos de nossa história, só eu e você,
desabafando os desafios da vida, consolando um ao outro. Para sempre lembrarei
de seu olhar, nele se via a sua admiração por mim, o que me fazia me sentir tão
especial e privilegiado por fazer parte de algo tão verdadeiro. Parece que foi
ontem quando o vi pela primeira vez. Nos reconhecemos ali mesmo, em um passe de
mágica, você preencheu um espaço no meu coração que estava reservado para algo
de suma importância. “O preferido”, era assim que o chamavam. Mal tinha nascido
e já conquistara o coração de todos da casa. E foi assim que veio até os meus
braços. Depois de pouco tempo, comecei a
notar algo estranho. O meu parceiro estava emagrecendo, não queria comer, e não
pulara mais de alegria. Estava doente. O que me deixou muito preocupado, pois
ali, já fazia parte de mim. Foi internado, tomou soro, e mais uma “porrada” de
remédios. As chances eram poucas, mas a fé me confortava. O visitava três vezes
por dia, quando ia ao colégio, quando voltava, e a tarde. Já era visível o seu
apego, pois quando dava as costas para ir embora, era alto os seus gemidos. Mas
depois de quinze dias, ele teve alta. Que felicidade! Ele estava ao meu lado
novamente com a mesma alegria e disposição de outrora.
Éramos como unha e carne. Sempre
estava a me esperar em casa, quando chegava de carro, era comum às batidas do
seu rabo na lataria do automóvel. Fantástico, nem o conseguia ver ainda e já me
fazia sentir muito feliz. Respeitava-me tanto que nem levava coleira quando ia
passear, era só dar um comando que ali aos meus pés permanecera. Não teve
adestramento nenhum, apenas amor. Ele era um cão da raça Pitbull. Esta temida
por uns, odiada por outros, e amada pelos os que entendem que tudo é fruto de
um plantio. Quando ele tinha quatro anos, tive que me mudar para Brasília. Ele
não aguentou de tristeza, fugiu, coisa que nunca antes fizera, e morreu as
margens da BR-230.
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