sexta-feira, 17 de maio de 2013

Agenda sem data, e nem hora.


        Não se faz amigos, reconhece-os. Assim já dizia Vinícius de Moraes. É a coisa mais natural do mundo, sem esforço. Se olham, e antes de começarem a falar já sentem a ligação. Assim, começa sempre uma verdadeira amizade. Por que tem que ser, o que o Divino une, nenhum homem pode separar. E não estou falando de pessoas que vivem sempre juntas, que se falam diariamente. Inseparável são as almas que são sempre lembradas por ambas. Inexplicavelmente, estão sempre conectadas. Deve ser por isso que quando se encontram, mesmo que tenham passado longas datas sem se verem, parece que se viram no dia anterior, ou pela manhã. Existe a verdadeira ligação, caso contrário, esse fenômeno não existiria.

          Não existe coisa melhor no mundo que sentir a consideração de outra pessoa por você. Ela só quer a sua amizade, a sua presença. Nada em troca, a não ser sentir o mesmo de você. Nada mais justo. Em um mundo cínico, recheado de sorrisos falsos, e interesses mórbidos, pessoas que impreterivelmente falam de Deus, mas não entendem os seus desígnios, ou pior, vão contra eles, aí que surge algo que vale a pena comemorar. Não é dinheiro, nem um novo emprego, muito menos a queda de algum suposto inimigo. É o surgimento de uma nova amizade. No meio de tanta gente perambulando morta, se acha uma viva. Em meio a pútridos, há essa pessoa. E em trevas, se observa a luz. Existe sempre a esperança.

          Essa semana faleceu um amigo. Márcio Lacerda. Estou triste, me sentindo estranho. Ele morreu de uma forma inesperada. Foi como um flash. Estava com ele a dois dias do seu destino, fazendo algumas provisões para o final de semana, ou para qualquer dia, e pronto. Uma simples queda em sua bicicleta e a ausência de um capacete, foi o suficiente para lhe tirar a vida. Sua alma agora descansa junto ao Pai. Não pude me despedir, e nem pudemos concretizar nada, pois mediante tantas tentativas de surfar, viajar, ou simplesmente dar uma volta no carro escutando Ray Charles, ficou o vácuo de uma programação escrita em nossa agenda, sem data, nem hora. Queria ter dito o quanto gostava dele. Ele tinha o dom de emanar energia positiva com um simples sorriso. Não éramos amigos de infância, nem nunca sentamos em alguma mesa de bar para falarmos dos nossos problemas em busca de consolo. Toquei em um réveillon organizado por ele em 2008. E ali nasceu uma amizade desde então. Poucas às vezes nos encontramos, mas sempre quando acontecia, sabia que Deus estava ali conosco, pois enquanto existir a verdade, ele estará presente. Lamento meu amigo, que deixaste este plano sem antes concretizar os nossos combinados. Você é uma pessoa que valia a pena. E nessa a vida, essa é minha riqueza. Amizade. Vá em paz.

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