sexta-feira, 17 de maio de 2013

O segundo


Durante os anos de 2008 a 2011 trabalhei como assessor parlamentar no Congresso Nacional em Brasília. Passei um ano na Câmara dos Deputados, e quase dois anos no Senado Federal. Conheci um mundo novo, acompanhei de perto situações das quais só assistia pela televisão. Achava que a política brasileira era muito corrompida, quando cheguei lá vi que muito era pouco, e que ética era uma palavra estranha para a maioria. Falei maioria, não todos. Existem os que ainda lembram o que significa honra. Exemplo. A palavra. Caráter. É difícil identificar essas pessoas, até porque nós sabemos que até o cidadão chegar ao seu mandato de deputado federal ou senador, ele percorreu um longo caminho de campanhas milionárias, pois dificilmente se chega ao poder de outra forma. A concorrência é acirrada. Discurso de honestidade e voto consciente não ganha eleição, quem já trabalhou em alguma campanha sabe disso, tem que ter dinheiro. E muito.

O caso do ex-senador Demóstenes Torres me deixou muito decepcionado. Fiquei triste, pois sou um brasileiro que tenho esperança em dias melhores na nossa política, e acompanhava a atuação do então ex-senador. Colocações firmes e brilhantes. Uma das poucas vozes ponderadas da oposição e do Senado. Uma verdadeira referência, quando o assunto era “ética”. Foi Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante Comissão da casa, além de Procurador-Geral, Delegado de Polícia e Secretário de Segurança. Uma peça aparentemente ideal para combater a sujeira instalada no Congresso. Mas não. Se envolveu com um dos grandes mafiosos do nosso país, e cedeu as tentações. Dinheiro. Poder. Desonra.

Talvez se o então ex-senador não tivesse pagado de bom moço, e não tivesse apontado o dedo na cara de tanto parlamentar envolvido com sujeira, ainda teria o seu mandato. Por que os canalhas “tímidos” e “assumidos” possuem mais amizades dentro da casa. Demóstenes Torres foi o segundo senador cassado na história do país. Só não houveram outros, por que renunciaram o mandato.


Em seu discurso pediu perdão, ao senador fulano, senador beltrano. E quanto a nós? Brasileiros, que depositamos as nossas já escassas esperanças em você Senador, não merecemos o senhor de joelhos pedindo perdão? O seu discurso final meu amigo, deveria ser feito olhando diretamente para as câmeras, ou seja, para nós. Talvez assim, você ganharia o nosso perdão. Que em minha humilde opinião é muito mais importante nesse momento.  

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